sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Adeus ano velho, feliz ano novo

Minha mãe me introduziu ao maravilhoso mundo de Guimarães Rosa nesses últimos meses conturbados, com quem me identifiquei muito durante toda a mudança mental e espiritual que estou sofrendo. Percebi que o simples, o perceptível e o compreensível são muito mais reconfortantes quando nos percebemos em uma situação de iminência de morte. Por isso quero começar essa postagem citando um trecho de O Grande Sertão Veredas:

"[...] O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinqueta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim, de repente, na horinha em que se quer, de propósito - por coragem. Será? Era o que eu as vezes achava. Ao clarear do dia." - Por Riobaldo Tatarana, jagunço do sertão.

Passagem de ano para 2011


Em nenhum momento pós diagnostico me revoltei com qualquer visão de "grande justiça divina" que eu pudesse ter. Simples assim, pois eu nunca vi a vida justa. Coisas boas e ruins acontecem com qualquer um, independente da conduta que temos ao longo da vida. A lei da ação e da reação existe sim, mas só aonde enxergamos, mas e o resto? O "resto" é muito mais do que a parte que podemos ver, por isso, a revolta é tão inútil quanto a culpa. Assim eu fui percebendo... e assim eu fui superando toda a raiva que sentia por ter uma parte da minha tranquilidade e planos roubada, sem mais nem menos, sem merecimento, pelo meu próprio corpo.

Fui entendendo que ser agradecido é necessário, não por aquela ideia cristã a qual somos submetidos a vida toda, do "agradecimento por si próprio", pelo simples fato de ser mais fácil lidar com alguém agradecido acima de tudo à lidar com alguém que questiona o próprio destino. Mas ser agradecido para aliviar aquele peso de toda a culpa e injustiça que vivemos todos os dias, que vemos por todos os lados, que sentimos no estômago e nas perdas. Agradecer é reconhecer o lado bom da vida, que as vezes por mil motivos, fica tão difícil de enxergar que desistimos do que antes nos movia e nos tornamos amargos, cegos e mesquinhos.

Eu passei por todo esse processo em muito pouco tempo, entre esquecer como era se sentir bem e esquecer o medo de um novo começo. Fui entendendo que se eu fosse agradecida a tudo que me foi jogado na cara, no meio da podridão de um tratamento invasivo e limitador, eu poderia rebaixar o inevitável ao simples fato de ser inevitável e erguer como um troféu tudo que eu poderia evitar. O sofrimento é uma ilusão: o inevitável não se remedia e ao belo só nos resta abraçar.

Então eu me vejo, no final, em uma situação contrária ao inicio. Quando antes eu não queria me afastar a força de tudo que conquistei e aprendi a amar, agora tenho medo de me afastar de tudo que me tem mantido em pé quando eu mais precisei. Antes a força, agora por escolha. Escolher é muito mais difícil do que ser submetido, muito mais assustador.

Enfim, que 2014 seja sem medo, pois garantias de vitória ninguém tem e por isso não deve nunca ser o objetivo. Aprenda com suas quedas e não espere o melhor de suas escolhas, espere apenas aprender com elas a faze-las melhores no futuro.

Conselhos de quem tentou ser otimista e pessimista nas piores das situações e aprendeu que o melhor resultado sai de quem enxerga a realidade somente e apenas para aplicar a esperança.

Feliz 2014!
E boa sorte para nós.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

12/16

Bom, é claro que quem cria expectativas demais, se ferra...
O querido médico errou a data de aplicação do Emend e fiz sem, de novo. Então os enjoos foram intensos, por vários dias, como sempre. Bem feliz, eu fiquei.

Logo a aplicação foi tão ruim quanto a última. Tirei duas fotos que ficaram horríveis no sentido de qualidade das minhas duas unhas dos dedões, mas dá para ter uma ideia. Quase certeza de que elas vão cair, descolaram metade já, nas fotos ainda estavam começando. Parece que não corto a unha há meses, mas juro que estão curtas, a parte branca é que não pára de aumentar. Nem conto a dorzinha, não dá nem pra espremer o tubo de pasta de dente. Sabe quando a gente dobra elas para cima? Então, essa dorzinha.

A falta de ar não bateu nesta última, portando ainda não podemos tirar nenhuma conclusão da causa.

Esqueci de contar aqui que meu cabelo voltou a cair bastante, fazem umas três aplicações que voltou a queda. Eu noto a diferença já na exposição do couro cabeludo, mas como tenho muito muito cabelo, para quem não conhece, parece normal.

Bom, sexta feira vêm mais uma consulta... eu odeio voltar naquele hospital, o cheiro dele me dá náuseas e as consultas estão cada vez mais inúteis. Tudo o que eu conto que está errado ele diz que é normal e quando chega a hora dele ajudar, como no Emend, dá tudo errado. Lugar desgraçado... pronto, falei. Hahahaha! Queria só ir fazer as quimios e ser deixada em paz entre elas. Mas nããão, preciso de acompanhamento, que não ajuda em nada. Enfim... fiquei bem brava com essa história do Emend.

Ficam as fotos lindas para vocês.
Beijos e boa sorte para nós.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

11/16

Aaah, não vejo a hora de escrever a postagem "16/16". =D

A última quimio foi muito mais tranquila do que todas as últimas, além de eu estar aperfeiçoando a prática de dormir todo o tempo, troquei de remédio para o estômago: agora estou usando o Nausedron. Apesar dele não ter resolvido o problema, aliviou muuito! Para cada organismo, esses remédios funcionam diferente, então trocar ao invés de insistir pode ser a solução. Conheço pessoas que disseram que o Nausedron não funcionou, mas para mim foi a diferença. Já o Vonau, sinceramente, não conheço ninguém que tenha sentido uma diferença significativa.

Antes da aplicação, fiz uma consulta onde o médico mandou para a quimio um pedido de Emend. Aí sim... o Emend é um remédio caríssimo que tem fama de ser milagroso para os enjoos. Antes só na forma de comprimido, custa uns 700 reais, apenas dois. Agora os seguros estão autorizando o intravenoso antes da quimio e vou experimenta-lo sexta feira. Expectativas altas!
Contei para o médico sobre as minhas unhas roxas e ele explicou que é um efeito da Bleomicina, que sedimenta nas unhas e as deixa roxas e doloridas. Segundo ele, depois que crescerem completamente de novo, a cor deve sumir. E também comentei sobre a falta de ar e ele fez uma cara um pouco preocupada, disse que eu deveria ter chamado um médico na hora para me avaliar. No dia seguinte senti de novo, mas como bem menos do que nas últimas, confesso que nem chamei ninguém... a questão é de novo a Bleomicina, que pode causar toxicidade pulmonar depois de um tempo em algumas pessoas. Então caso seja isso mesmo, a dose dela será administrada diferente nas próximas.

Então é só pessoal. Volto na semana que vem, contando sobre a quimio número 12!
Um ótimo natal a todos, cheio de amigos, família e alegria.
Um beijo e boa sorte para nós!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Meu port

Olá!
Prometi colocar uma foto do meu port e mais algumas informações para quem tem curiosidade aqui e vou cumprir. Aqui está!

Nessa "bolinha" entra o remédio por meio de uma agulha especial (Huber) este segue pelo "caninho" que sobe pela clavícula e entra em uma artéria de grande calibre.


Ele me ajudou muuuito! Infinitamente...pois como se já não bastassem os efeitos da pós quimio, a própria aplicação era uma tortura: depois de um tempo ficou difícil encontrar veias com calibre o suficiente para a medicação não machucar, o que fazia com que duas picadas (exame de sangue e aplicação) virassem quatro, até cinco picadas, desaparecendo com as últimas sobreviventes. Além disso, duas vezes tive dores horríveis nas juntas dos braços, além das manchas amarelas e roxas que ficavam no local da agulhada e sinto até hoje sensibilidade nos mesmos lugares

Bom, ele se tornou meu amigo feio. Por que ele é feio e dá muito aflição de encostar! Até na hora de tomar banho, evito passar a mão nele. De qualquer forma... os benefícios superaram a estética. =P
Ele não traz restrições: pode virar de ponta cabeça, entrar na água, puxar peso... tudo que se tem direito. O único incomodo mesmo é a manutenção.
Ganhei um manual e vou citar uma parte relevante:
"1. Usar luvas para apalpação e localização da câmera implantada. 2. Manter a câmara entre dois dedos. 3. Inserir/punsionar a câmara no centro, perpendicularmente. 4. Assegure-se de atingir o fundo da câmara, cerca de 10mm, sob a pele. 5. Ao final do procedimento, lavar o sistema com soro fisiológico e heparinizar conforme protocolo. 6. Em caso de obstrução contate médico responsável. Lave e heparinize a cada 30/60 dias ou seguir protocolo."

Ou seja, pelo menos uma vez por mês, deve-se limpar o sistema com soro ou heparina, dependendo do cateter, até a remoção dele. Chatinho, né? Mas, acredite, melhor do que conviver com mais agulhas do que o necessário.
Ahn! Não dói NADA para furar, depois de algumas furadas. Nas primeiras confesso que doeu mais do que a furada no braço, mas acho que só nas duas primeiras. Hahaha! É sério, depois de um tempo de uso, cria-se como um calo encima da "bolinha" e fica insensível. E além disso, uns 40 minutos antes, você pode aplicar xilocaína no local para amenizar a dor.

Então é isso... beijos e boa sorte para nós!




sexta-feira, 22 de novembro de 2013

10/16

Há uma semana fiz a décima sessão, eleita a pior de todas!

Durante a aplicação não passei tão mal quanto na sétima, porque consegui dormir graças ao combo de soníferos: vonau, plasil e dramin. Mas depois, meu estômago simplesmente não se recuperou. Estes três remédios não fazem nem mais cócegas no mal estar. A cada dia estou um pouquinho melhor, mas nunca bem.
Surgiram mais dois novos efeitos colaterais: dor nas unhas e falta de ar durante a aplicação. A falta de ar se repetiu nas ultimas três, ainda preciso contar para o médico disso, já que os remédios danificam os pulmões. Mas foi apenas durante a aplicação, como se meu pulmão petrificasse e só tossindo eu respirasse melhor.  E a dor nas unhas foi muito esquisito... foi como se eu tivesse prendido todos os meus dedos na porta, principalmente nas unhas dos dois dedões da mão, que além de doerem ao usá-las, ficaram roxas nas raízes e depois meio brancas. Então elas ficaram super fracas e quebradiças, até que cortei curtinhas e elas se recuperaram.

Bom, contei na primeira postagem aqui sobre um dos efeitos colaterais que seria manchas na pele. Por isso os médicos dizem para não sair no sol sem protetor solar. Mas já há algum tempo saíram manchas só onde nem toma sol, na virilha e no dedão do pé. São manchas diferentes, marrons e como se fossem riscos na pele. Consegui clareá-las bem, a do dedão praticamente sumiu, com óleo de amêndoas doces. Este é excelente para evitar o aparecimento de estrias (já que inchamos e desinchamos como uma sanfona, graças aos corticoides), hidratante natural (os remédios tendem a ressecar pele e cabelo) sem aditivos tóxicos que não entopem os poros e clareador natural da pele.

Fonte - http://www.entrecoisas.com.br/2011/10/oleo-de-amendoas-doces.html


Ando chateada com a piora exponencial dos enjoos e do mal estar, também porque os próximos remédios a serem testados, sem garantia de melhoras, estão em torno de R$500,00 reais, 9 comprimidos. Somando as 6 sessões que faltam, me lembram do fato de eu ser uma grande contribuinte para a indústria mais cruel do Brasil: a indústria farmacêutica. E falando nisso, se vocês conhecem alguém que vai para os Estados Unidos, procure uma receita do seu médico para prováveis problemas na alfandega e encomende o Zofran, que sai em torno de R$200 reais, 90 comprimidos (Errata: o Zofran que vi em um site americano é GENÉRICO, por mais que eles afirmes ter a mesma composição do Zofran e vir escrito "Zofran" nos comprimidos). Os americanos podem pecar em muitas áreas, mas nessa eles estão bem na nossa frente.

É isso ai, por enquanto sem notícias, semana que vem tem mais drogas e uma consulta pós ciclo.
Um beijo e boa sorte para nós!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

9/16

Boa noite!
Pô, eu tinha me esquecido de atualizar por aqui. Amanhã já vem a décima sessão e estou enrolando para dormir, assim quem sabe eu durma durante as três horas que seguem de aplicação.
A ultima, nona, foi mais tranquila que as anteriores porque consegui dormir por quase duas horas seguidas. Isso graças a união de três remédios: tomei um Vonau uma hora antes de iniciar a sessão, um Plasil assim que começou e um Dramin mais no final. Foi o famoso mata leão! O enjoo durante não foi tão ruim por isso.
Mas a semana seguiu cheia de náuseas, não teve nenhum dia em que meu estômago não reclamou, mas fazendo uso continuo desses três durante os quatro dias que seguem da aplicação, ficou mais tranquilo de levar.
Minha imunidade, modéstia a parte, estava ótima para variar. Hehehe! Neutrófilos em 2.000 e tanto.
Passei meu aniversário bem, me diverti bastante, consegui ver quem eu queria, ganhei mimos maravilhosos e como disse minha prima: que meus 22 sejam o contrário dos meus 21. =]

Um beijo a todos e boa sorte para nós!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Cabelo, cabelo meu... existe alguém mais linda do que eu?

Existe, várias meninas mais lindas do que eu... com ou sem cabelo, sempre existirá!


Os clichês são clichês porque são verdades além do tempo: Aprenda a se amar para ser amada!


Resolvi fazer uma postagem homenagem  ao efeito colateral mais assustador para todas as meninas que vão iniciar um tratamento quimioterápico: a alopécia ou queda de cabelo.

O cabelo cresce naturalmente com o tempo, ao contrário do amor próprio, que é a vitória de uma batalha de todo o dia!


É impossível consolar alguém que recebe a notícia de que seu próprio corpo estava se auto sabotando em segredo. Por isso eu não tenho nenhuma pretensão com essa postagem; encarem como um desabafo ou um depoimento de quem driblou o medo número um de uma menina moderna.

A cura também depende de como superamos os nossos problemas, né?


Perguntei a vários amigos, ex-namorados (não que tenham vários, tá? HAHAHA!) e companheiros de longa data, duas perguntas objetivas: Eu seria tão bonita quanto sou hoje, se ficasse careca? E se eu ficasse careca, como você se sentiria andando comigo na rua?

A beleza está aí para quem sabe apreciar.


Sobre a primeira pergunta, 99,9% disseram que eu seria tão bonita quanto sou hoje, mas sem uma parte forte da minha identidade que são os cachinhos sempre bagunçados. Alguns falaram sobre a minha personalidade, que é o que conta em uma relação de verdade. Outros falaram sobre a sociedade cruel em que vivemos hoje, machista e cheia de estereótipos, onde a mulher teria que seguir padrões restritos a cabelos longos e esvoaçantes para ser considerada bonita, sexy e atraente. Alguns ainda foram além e mostraram essa sociedade também racista, onde poucas brasileiras conseguiriam seguir esse padrão, já que o "cabelo pixaim" não é esvoaçante, mas é maioria no território.
Apenas um disse que eu não seria tão bonita quanto sou hoje, mas deixou claro que é questão de gosto.

Sério, que gatas. Hahahaha!


Os cabelos são a moldura do nosso rosto, mas também são um esconderijo daquilo que não conhecemos. Hãam? Como assim? Pois é, foi uma viagem que eu tive. Assim como a nossa pele, é nosso cartão de visitas, uma primeira impressão que os outros têm da gente. Ele estando assim ou assado, funciona como um limite de como me sinto, quem pode, quem não pode, onde vou, pra que vou, etc.

Lembre-se: pior sempre dá para ficar.


Então além de eu ter decidido vendê-los, pois cabelo de verdade é bem caro no mercado de perucas, eu encarei essa experiência como libertadora!

Os seus problemas não são menores porque existem outros maiores, mas não deixe que fiquem maiores do que você aguenta.


Sobre a segunda pergunta, todos pareceram meio ofendidos. E eu confesso que também ficaria. 100% respondeu que seria normal, compreenderia os olhares alheios e  levaria na boa. Alguns disseram que ficariam orgulhosos de mostrar para os outros que apesar dos preconceitos, homem de verdade gosta de mulher e eu sou mulher. HAHAHA! Adorei essa resposta. E apenas um, um grande amigo de infância, me disse assim: Lau, se eu fosse você, eu teria vergonha de andar comigo na rua há algum tempo atrás. Hahahah! Éramos jovens rebeldes...

Estamos sozinhos, mas os problemas são os mesmos para todos. Um pouco de compaixão deixa tudo mais leve.


Queridas meninas... se o protocolo que vocês farão ou alguém que vocês conhecem é o ABVD, saibam que as chances do cabelo cair todo é de 20%. A maioria só perde um pouco ou uma parte (uniformemente). Se o medo é o que os outros vão pensar de vocês: se ainda são bonitas, se ainda chamam a atenção dos homens, se outras mulheres vão tirar com a cara de vocês... passem a dar mais valor a opinião de quem merece, dos seus amigos e da sua família. Se a opinião deles for diferente da opinião dos meus amigos, você tem que rever suas companhias. Hehe!

Pratique a arte de se amar. Se você conseguir isso, será fácil amar a qualquer um!


Não é fácil, ninguém deveria passar por isso: ter que conviver com sensações ruins todos os dias e aparecer para os outros de um jeito que você não gostaria. Mas é uma oportunidade que poucos tem, de se encarar no cru e na pior e se amar e ser amada mesmo assim.

É... não está fácil para ninguém. =P


As fotos foram feitas pela Quel, uma amiga linda de infância, artista e ótima fotógrafa! A maquiagem foi feita pela Mari, artista nata, maquiadora, companheira de aventuras e essencial para eu passar por este processo sã e Didja, amiga de infância, guerreira, que faz até pedra de tpm rir até chorar. As modelos todas amigas de escola: Quel, Mari, Didja e eu, provando que existem mulheres mais bonitas do que eu: TODAS NÓS!

Achei as meninas das outras fotos bem mais bonitas, né?


Um beijo e boa sorte para nós!

8/16

Metade do tratamento cumprido.
Sinceramente, não estou super animada com isso. As pessoas me vem dizendo: Olha só, como passou rápido! Viu, já está na metade! 
Mas meus amigos, não passou rápido e metade significa tudo o que eu fiz até agora e mais um pouco, porque meu pobre corpo está ficando cansado e minha mente, nem comento.

Bom, como já disse nas ultimas duas postagens, os efeitos colaterais estão se intensificando, o que me deixou chateada e meio em pânico esses dias, pois se continuar nesse ritmo... mais oito aplicações, acho que meu estômago vai embora junto com o câncer.
Definitivamente o Dramin e o Vonau não servem para enjoo, só ajudam a dormir e a prender o intestino, então na sexta feira em consulta vou perguntar se não tem alguma outra coisa que ajude.
O cansaço continua o mesmo, não piorou nem melhorou, nos quatro dias que seguem da quimio eu preciso descansar muito senão fico bem debilitada.

Não tenho mais nenhuma novidade. O cabelo continua firme e forte, segundo o médico não vai mais cair mesmo e devo dizer que na verdade não caiu nada, ele continua igualzinho, acho que no começo eu estava mais impressionada e achei que estivesse caindo mais do que o normal.

Flor de batata de grama! Porque flores desabrocham, ficam lindas e depois morrem pra desabrochar de novo, assim como eu meu ânimo.


Um beijo e se na sexta feira eu ficar sabendo de alguma novidade pelo médico novo que vai me atender, eu compartilho aqui.
Boa sorte para nós!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

7/16

Fiz a sétima aplicação na semana passada, foi bem ruim. Cada vez enjôos piores durante e após a aplicação, meu estômago deve estar apodrecendo aos poucos. Pobrezinho... mas meu exame de sangue continua perfeito, neutrófilos do sistema imunológico estavam em 3.219, melhor do que muita gente que não faz quimio. Isso graças a alimentação, muito liquido e os fitoterápicos.
Antes eu só sentia enjoo nos três dias após a aplicação, agora até uma semana depois eu fico salivando demais com um gosto horrível na boca. Dramin já não serve, só ajuda mesmo porque dá sono e eu posso finalmente dormir bem (coisa que anda difícil na rotina). O cansaço só aumenta e o sono só diminui.

Mas de resto vai tudo seguindo, a cirurgia da implantação do cateter já está quase completamente cicatrizada e não gostei do resultado. Do jeito que os médicos falaram, parecia que ia ficar super discreto e e eu não ia sentir nada, mas como sou magrela ficou super aparente e eu sinto ele incomodando durante muitos movimentos que faço. Mas sei lá, conheço pessoas que colocaram que também disseram não sentir nada e que não ficou tão aparente quanto o meu. Vou ver se coloco uma foto aqui pra mostrar. 

O médico finalmente viu meu exame PET limpo em consulta e disse que é um resultado muito bom, pois com esse "quadro" as chances de cura que antes eram de 70%, sobem para 90%. Quase falei para ele: Olha só, eu consegui ter um câncer com 21 anos o qual apenas 0,6% da população brasileira tem e ainda é mais comum em homem... só me animo com 100%, amigo. Mas, perto das possibilidades, eu tenho é que me contentar. Contei pra ele tudo o que eu estava sentindo e como é tudo efeito colateral, para ajudar só existem remédios para isso que tem efeito colateral também, aí depois receitamos outros remédios para esses segundos efeitos colaterais e assim seguimos o tratamento, me entupindo de remédios. 

Uma foto das corujas buraqueiras que tirei quando morava em Florianópolis. Só porque estou com saudades da minha vida antes do tratamento: das minhas viagens, da minha privacidade e do meu bem estar.
Por enquanto é só. Me perdoem a falta de entusiamo aqui, mas queria que todos fossem sinceros para sabermos o que esperar, cansa não se sentir bem e ficar ouvindo todo mundo falar que está tudo bem. Mas fica um breve relato da sétima aplicação e depois eu conto sobre a oitava, na sexta feira. Óia, só de pensar, me embrulha o estômago...
Um beijo e boa sorte para nós!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Levedo de Cerveja

Booa noite!
Nada como se empolgar escrevendo aqui.
Agora é a vez do levedo de cerveja. Este pode ser encontrado na forma de pó, cápsulas e comprimidos.
Meu irmão me indicou primeiramente por causa do problema de pele que os corticoides das medicações estavam me causando, pois um amigo dele formado em medicina natural havia indicado. Comecei a consumi-lo diariamente, uma colher de sopa em meio copo d'água e aliado a esfoliantes e adstringentes para a pele (indicados por uma amiga), estão deixando meu rosto praticamente novo. Realmente, funciona muito bem.
Então também fui atrás de outros possíveis benefícios que ele pode trazer e fiquei surpresa com o principal deles: fortalece o sistema imunológico. E isso é essencial para alguém em tratamento quimioterápico! Mas não pára por ai, me pareceu bem um remédio perfeito para quem está nessa situação: diminui a QUEDA DE CABELO, desintoxica o organismo, fortalece o sistema nervoso e o sistema digestório, combate a diabetes e a fadiga e a anemia, por ser riquíssimo em proteínas e vitamina B sem nada de gordura.

Fonte - http://www.testdrivegastronomico.com.br/tag/levedo-de-cerveja-e-o-diabetes/
O nome vem do fato de ser a base da fermentação para a cerveja, vocês verão ao provarem. Hehe! E outra vantagem dele é a forma de consumir: sua farinha pode ser adicionada em receitas de pães, bolos, shakes e até no iogurte. Eu acho ele bem gostoso, meu irmão odeia, vai de cada um. Mas um pãozinho aposto que ninguém vai achar ruim!

Fonte - http://nutring.blogspot.com.br/2011/02/levedo-de-cerveja-conheca-seus.html
Fica a dica. =]
Um beijo e boa sorte para nós!

Óleos de Copaíba e Linhaça

Booa noite!
Como eu disse, vou postar algumas dicas de Fitoterápicos que eu ando consumindo para ajudar meu corpo combalido.
Logo na primeira consulta, quando o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin estadio III tipo Esclerose Nodular (o mais comum, dos quatro tipos) foi dado, o médico disse que eu seria uma paciente de baixo risco por n motivos: como idade, saúde, hábitos, etc. Porém que o nível da proteína responsável pela cicatrização, a Albumina, no meu organismo é ligeiramente baixa. Nada fora do comum e nada que me impeça de levar uma vida normal, mas ligeiramente baixa. Nessa, eu me lembrei do milagroso óleo de Copaíba, famoso por acelerar a cicatrização e altamente consumido no norte do país, da onde é originado: da árvore Copaifera sp.
Então fui atrás dele. Encontrei em diversas lojas de produtos naturais e comecei a consumir conforme o rótulo, como em um ritual diário. Só fiquem ligados, pois existe o óleo para uso externo e o óleo para se consumir. E é claro, fiz muita pesquisa encima dessa milagrosa planta e descobri mais mil coisas que podem ser beneficiadas pelo seu consumo: é um poderoso anti-inflamatório, cicatrizante, bom para o sistema respiratório, ajuda a controlar o colesterol e é estudado em diversas universidades por ajudar na cura de mais de 50 tipos de doenças (entre elas, o câncer).

Fonte - http://oleo-copaiba.com/oleo_de_copaiba_para_cicatrizacao.html

Outro óleo que passei a incorporar no meu cardápio foi o óleo de Linhaça. As sementes também são altamente nutritivas e ricas em ômega 3, 6 e 9, mas para isso devemos mastigá-las bem ou utiliza-la na forma de farinha, senão elas passam reto pelo trato digestório e seguem para o esgoto inteirinhas.
Pensei nele quando a nutricionista me indicou os ômega 3, 6 e 9 para ajudar os meus neutrófilos a se manterem em forma durante o tratamento. E como não como peixe, outra rica fonte dessas vitaminas, pensei na linhaça. A vantagem deste segundo óleo é que pode ser incorporado em receitas, não precisa ser consumido puro ou em cápsulas, que são vendidas em farmácias. Eu estou tomando uma cápsula por dia ou uma colher de sopa por dia.
A linhaça também é um poderoso anti-inflamatório, ajuda no trato digestório e no funcionamento do coração, já que é rica em ácidos graxos saudáveis (não como diz na maior cara de pau as propagandas de margarinas, altamente tóxicas para o organismo) e riquíssima em lignanas, inimigas do câncer.

Fonte - http://www.oleodelinhaca.com/10-motivos-para-tomar-oleo-de-linhaca/
Minha mãe também entrou na onda dos fitoterápicos e eis aqui um depoimento real: ela sempre sofreu de unhas fracas e escamosas (não sei bem se existe essa palavra). Mas depois de uns dois meses consumindo diariamente os dois óleos, as unhas delas estão mais fortes do que nunca e nunca mais escamaram. Além dela sofrer de bronquite todo inverno fedorento e seco de São Paulo e neste último, quando sob tratamento desses óleos, nenhum sinal dela.

Mais dicas estão por vir, pois estou praticamente com uma farmácia de fitoterápicos em casa. Hehe!
Um beijo e boa sorte para nós!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Implantação do Port

Boa tarde!
Ontem fiz a cirurgia de implantação do port. Foi bem rápida, tirando que o anestesista se atrasou um pouquinho e eu fiquei deitada na maca no centro cirúrgico esperando e conversando com os outros dois médicos, o procedimento deve ter levado no máximo uma hora.
Foi bem engraçado na verdade, primeiro um enfermeiro super simpático tirou seu tempo para ficar trocando idéia comigo e me acalmar e depois que chegou o anestesista, vi porque ele tinha se atrasado: era uma figura. Um senhor bem doidão, super alto astral, chegou brincando com todos e alegando insanidade. Hahahaha! Não sou dessas que levam tudo a sério, mas se fosse, teria até ficado preocupada.
Mas todos os três médicos no procedimento deixaram tudo o que aconteceria bem claro. Ai quando o anestesista me disse: "Vamos pegar uma veinha tua, então!" e logo em seguida: "Você tem pânico de agulha, é?". "Como vc sabe?" - perguntei. "Seus batimentos cardíacos aumentaram em 10% quando eu disse isso." Hahahaha! A máquina me caguetou. De qualquer forma, o homem tinha uma mão levíssima, nem senti a picada direito e já estava com o cateter no braço.
Acordei depois do que me pareceu cinco minutos com o vascular me dizendo que ja tinha acabado e eu ainda estava na maca. A primeira coisa que eu disse foi se tinha alguma coisa na minha perna. Ai eles riram e me contaram: depois que a sedação é feita, eles aplicam a anestesia local, que é dolorida, arde e as vezes até dói. Nessa, eu tentei fugir, sedada, da maca e tiveram que me segurar e amarrar pernas e braços pra continuar o procedimento com segurança. Bem a minha cara...

Não encontrei a fonte desta foto. Mas ai estão os diferentes tipos e tamanhos.
Bom, quero primeiro deixar bem claro que sou super cagona pra cortes, furos e etc, então relevem pelo menos 30% das minhas sensações ruins. Estou com dois curativos do lado direito, acima do peito e um na base do pescoço. O acima do peito serviu para se colocar a parte do cateter puncionável e na base do pescoço para passar a "mangueirinha" do port por uma artéria. Estou morrendo de aflição e toda tensa, mas dor mesmo só senti ontem depois que os analgésicos pararam de fazer efeito e na hora de deitar para dormir que sustentar minha cabeça com o pescoço doeu também. O cortinho do pescoço está mais dolorido do que o da parte maior do cateter, mas como sou magrela e baixinha, só de ver o "carocinho" do port já me dá arrepio. =/
Agora são dez dias de repouso e depois vida normal, sem restrição alguma.
Ganhei um manual de informações ao paciente com port. Vou postar algumas informações dele aqui depois.
Um beijo e boa sorte para nós!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

6/16

Feita a sexta aplicação na semana passada. Credo, ainda faltam dez... mas, melhor que onze.
Essa foi ruinzinha também. Senti muito enjôo durante as três horas de drogas, mas já comecei enjoada, só foi piorando. Ai reclamei a uma enfermeira, que foi chamar o médico, que chegou na minha cadeira e perguntou: "Você está enjoada?".  "Sim". "Ok, vou pedir para farmácia fazer um Dramin". "Ok, obrigada."
Aí meia hora depois, chegou o remédio. Eu não tenho problemas com o ato de vomitar, pois eu sei que vou tirar o que está me fazendo mal e vou melhorar. Mas nesse caso o que está me fazendo mal só vai continuar entrando e cada vez mais, então optei por não vomitar, senão sabe lá quando eu ia conseguir parar.
Aliás, esse está sendo o maior problema atualmente: ir contra o instinto de sobrevivência. Sabe quando a gente coloca a mão no fogo, machuca, então a gente se afasta o mais rápido possível? Isso é um bom exemplo do instinto de sobrevivência. Agora, ir deliberadamente à um hospital, 8 horas por mês, injetar litros e litros de remédios que causam dor e náuseas, é um bom exemplo de como ir contra os nossos instintos de sobrevivência. E essa sensação é muito, muito ruim.
Até a quinta aplicação, eu não havia sentido os temidos efeitos colaterais da químio. Talvez porque meu corpo estivesse mais forte e a concentração de remédios no organismo estivesse menor, mas eu acho que foi bastante psicossomático. Uma vez que a aplicação machucou meu braço e muitas veias foram estouradas, eu desanimei muito, cedi a dor e ao tédio. Agora eu estou melhorando, amanhã coloco o porte em um procedimento cirúrgico simples e assim não vou mais ter que sofrer tanto com a dor das agulhas e dos remédios. Desisti de querer vitalidade, estou com a disposição de uma senhora de oitenta anos, a cada dia sinto mais sono. E sabe o que eu faço? Durmo. Pronto, acabou. Só me recuso a deixar de sair com meus amigos, pois é uma das poucas coisas que realmente distrai a minha cabeça.
O lado bom foi que a enfermeira pegou uma veia que constava desaparecida ha algum tempo, uma veia de calibre enorme que foi puncionada de primeira e não deixou a Dacarbazina me causar dor. Além do Dramin ter me apagado por uma hora.
É isso ai, alguma hora dessas venho com algumas dicas... não contei sobre os meus últimos exames de sangue, mas estão ótimos. A enfermeira me disse: "Eu não sei o que você está fazendo, mas pode continuar. O seu hemograma está melhor do que o meu." E eu estou fazendo várias coisas que pretendo dividir com vocês, estava só esperando a confirmação de que funcionam.
Um abraço a todos e boa sorte para nós!

Comparando os PET CT 1 e 2

Olá! Como vão?

Queria fazer uma postagem bem orgulhosa, comparando os meus dois exames feitos até agora (seus laudos): o primeiro para o estadiamento e diagnóstico do linfoma e o segundo após dois ciclos de quimioterapia ABVD para se avaliar os efeitos do tratamento. E como já postei antes, eu não estaria assim orgulhosa se não fosse por todos que me mandaram energias boas durante esses tempos turbulentos e estarei eternamente agradecida, desejando o dobro a todos vocês.
Ai vai:

PET 1: 25/06/2013
"Observei a presença de áreas de concentração anômala do 18F-FDG nas projeções cervical, cérvico torácica, torácica e pélvica e correspondendo a linfonodos e linfonodomegalias nas cadeias ganglionares cervical a esquerda, supra e infra claviculares, mediastinal (paratraqueal à direita, pré-vascular e paraaórtica) e ilíaca interna bilateral com SUV entre 3,0 e 5,5."

PET 2: 06/09/2013
"Não foram identificadas neste exame áreas de concentração anônomala do 18F-FDG nas regiões corporeas estudadas, incluindo-se as cadeias linfonodais previamente acometidas no estudo de 25/06/2013."

Ou seja, antes eu tinha tumores espalhados por literalmente meu corpo inteirinho, menos pernas e braços. Agora não se visualiza nenhunzinho! Lindo, não?
Na semana que vem vou consultar com o meu médico e conforme o que ele disser, reproduzirei aqui. =]
Como disse uma amiga: "As quimios agora vêm até mais leves!"
Um beijo a todos e boa sorte para nós!

PET CT

Olá!
Como disse, vou postar sobre o famoso exame PET CT, para entendermos melhor o que é e porque é feito.
Nada melhor do que uma citação pra isso:

"O aparelho de PET/CT é formado pelo PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons) acoplado a uma CT (Tomografia Computadorizada). Diferente de uma radiografia ou tomografia, cujo objetivo principal é visualizar a estrutura do corpo e assim identificar lesões; o PET é um exame funcional, isso quer dizer, ele tem o objetivo principal de identificar o funcionamento do corpo em nível molecular. A CT acoplada ao PET é utilizada para facilitar a localização dos achados evidenciados pelo PET.

Para que isso seja possível, são necessárias duas coisas:
a) substâncias marcadas que serão processadas pelo corpo e dessa maneira permitem avaliar seu funcionamento;
b) um aparelho que possa visualizar essas substâncias e a sua distribuição pelo corpo.

Isso pode ser feito através da marcação das substâncias com um isótopo radioativo, formando os radiofármacos. Esses radiofármacos são injetados no paciente e, após determinado tempo para distribuição no corpo, um aparelho (PET) consegue detectar a radiação liberada pelo radiofármaco e mostrar de onde vem essa radiação no corpo. Em outras palavras, o aparelho mostra como o radiofármaco se distribui no corpo.

O nome “Tomografia por Emissão de Pósitrons” se deve ao fato dos isótopos radioativos utilizados na marcação das substâncias emitirem partículas chamadas pósitrons. Essas partículas reagem rapidamente com outras presentes no corpo emitindo a radiação que é detectada pelo aparelho."

Fonte: http://www.medicina.ufmg.br/inct/cimol/?page_id=74

Fonte - http://www.cedimagem.com.br/novidades/petct
Ou seja, ele mostra os locais de atividade de proliferação celular intensas no nosso corpo. Essas locais incluem os tumores, já que as células cancerígenas são famosas por se reproduzirem mais rápido do que eu o normal. 
Existem algumas restrições para se fazer o exame, como um jejum de seis horas, apenas liberado a ingestão de água. Mas acho que isso deve ser informado com mais detalhes pelo seu hospital ou clínica, né?
Um beijo!

domingo, 15 de setembro de 2013

5/16

Olá!
Menos uma para o cronograma.
Foi excepcionalmente ruim esta aplicação, além do dia ter sido extremamente estressante - PET de manhã, atraso colossal na consulta antes do almoço e mais atraso pra quimioterapia - minhas veias enfraqueceram, as mais "calibrosas" que eu preferia para as aplicações pois não sentia tanta dor com a dacarbazina (depois de serem estouradas diversas vezes) desapareceram e então uma veia fina que foi usada para a aplicação inflamou e causou muita dor no braço inteirinho até mais de uma semana depois.
Na consulta, o médico me proibiu de ir viajar e visitar minha casa onde moro no interior de Santa Catarina por conta de possíveis intercorrências. Pela primeira vez eu chorei no consultório, o que deixou o médico confuso, já que nem no dia do diagnóstico de Linfoma de Hodgkin eu fiquei triste. Não que eu seja de ferro, mas no fundo já sabia que seria um diagnostico do tipo e depois de muita pesquisa, eu já estava conformada e sabia das altas chances de cura. Minha mãe pode confirmar: ela me contou do resultado da punção quando eu já estava de volta em São Paulo para a primeira consulta e eu só respondi - eu já sabia, mas tem cura.
Então, todo esse conjunto de fatores contribuíram para um recuperação mais chata da quinta sessão, pela primeira vez tomei um dramin, tive salivação excessiva por uns quatro dias seguidos, o que me dava enjoo e além de muita dor no braço. Aliás, é uma dor que não saberia definir, do ombro ás pontas dos dedos, nada muscular, parecia mais nos tendões, mas também não era bem isso. Como uma pressão tão forte que causa dor, mas em nenhum órgão que eu possa definir. De qualquer forma, melhorou depois de muitos analgésicos e tempo....
Por essas e por outras, decidi colocar o cateter permanente ou porte, um acesso interno que é colocado abaixo da clavícula e serve para facilitar as aplicações, já que é composto por uma superfície de silicone que é facilmente localizada e puncionada com uma agulha especial. Como ele é colocado dentro de uma artéria grande, a dor da dacarbazina não é tão intensa e nenhuma veia é desperdiçada. Além de evitar o sofrimento de ser furada diversas vezes só para começar a aplicação, depois de ser furada para fazer exame de sangue e PET.

Mas que venham as boas notícias, o resultado do meu primeiro PET de controle fooooi... ausência de atividade anormal de células!!! Sim, limpinho limpinho da Silva! Nenhum sinal visível dos tumores, que diga-se de passagem, eram vários. Então o tratamento continua, mas com maiores chances de cura. Terei mais informações depois da consulta, daqui a vinte dias.

Logo, eu queria agradecer profundamente à todos aqueles que me mandaram boas energias, bons pensamentos, palavras de apoio e carinho, pois tenho certeza que não teria tido um resultado tão satisfatório sem estes. Muito obrigada! Que lhes volte em dobro!
Volto com uma postagem mais específica sobre o exame chamado PET CT e sobre o Port-au-Cath (o porte ou acesso).
Um beijo e boa sorte para nós!







terça-feira, 3 de setembro de 2013

Bendito fígado

De mais de um médico, ouvi que o maior perigo dessa quimioterapia protocolo ABDV é comprometer o fígado, os rins e o estômago. Para o estômago, temos o uso contínuo do omeprazol para ajudar. Para os rins, a ingestão de muito líquido, de 2 a 3 litros de água por dia. E para o fígado?
Uma velha amiga da família (não amiga velha) é médica e está sempre nos atualizando aqui em casa. Perguntei a ela o que eu poderia fazer para amenizar os danos que esses veneninhos causam ás partes saudáveis do meu organismo e ela foi se informar com um amigo dela, médico, especialista em medicina Ayurvédica (medicina indiana, muito antiga e sábia).
Foi aconselhado a ingestão diária de gengibre cru e chia. O gengibre ajuda a proteger o fígado, "pai dos rins", segundo o especialista e pra quem precisa de mais um argumento, ele possuí substâncias que aceleram o metabolismo e ajudam a emagrecer.

Foto: Fabio Castelo / Reprodução da revista SAÚDE!
Já a semente de chia, que pode ser encontrada na forma de farinha, além de proteger e limpar o fígado e ser uma rica fonte de ômega 3, é anti inflamatória.

Fonte: http://blogdamimis.com.br/2013/02/06/a-chia-e-seus-beneficios/

Eu ando procurando fitoterápicos que sejam poderosos anti inflamatórios e anti bióticos, já que teoricamente o meu sistema imunológico não esta lá essas coisas. Mas antes de começar a consumir, sempre perguntem ao médico se ele é aconselhável durante o tratamento, não caiam nessa de que os fitoterápicos são inocentes. Afinal, existem plantas que em diversas situações se tornam tóxicas tóxicas e quase todos os remédios usados na medicina tradicional são sintetizados a partir das plantas (fito = planta).
É isso ai, essa dica vale para todos.
Beijos e boa sorte para nós!

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

4/16

Feita a quarta aplicação com protocolo ABVD.
"Desejo que todas sejam iguais a essa!" (Pros anjinhos na escuta... =)
A enfermeira um amor, acertou de primeira uma veia grande e quase não senti nada enquanto o cateter foi ajeitado no braço, a companhia era boa e atenta aos remédios, além de ter me mimado com lanchinhos maravilhos que infelizmente não tive estômago pra degustar e me cobrir o tempo todo com o cobertor, e dormi logo depois do primeiro saco de remédios anti-inflamatórios e para náuseas que é aplicado antes da quimio começar. Acordei quando a D estava terminada, a temida D de dor, desespero e drama. Hahahaha! Esse remédio é o Diabo. Tá, chega... De qualquer forma, além de tudo ter ocorrido bem, não dormi na noite anterior, o que me ajudou a dormir de manhã.
Então, a semana seguiu tranquila, só no domingo de manhã que a minha pressão caiu e não queria mais voltar, ai perdi um almoço maravilhoso no templo Zu Lai por falta de apetite, mas que será reposto. A semana seguiu tranquila mesmo, não senti nem náuseas direito, só nó no estomago, sensação de ansiedade.
Perguntei para a enfermeira sobre a minha veia da ultima aplicação, que ficou esquisitíssima e muito dolorida. A moça disse que a veia provavelmente necrosou por causa do ultimo remédio (o Dolorido), pois era muito fina, por isso a dor e o preto e amarelo na pele. Que horror, né? Se isso aconteceu onde o remédio foi aplicado, imagina como tá meu corpo por dentro. Se já estava podre, agora está fedido. =P
Meu cabelo anda caindo mais, mas se eu que cuido dele e me olho no espelho todo dia não vi diferença no todo, não to muito preocupada. Deve estar em uns 90% do total... se eu terminar o tratamento com 70%, estou feliz. Ele sempre foi muito armado, agora está mais assentado. Aliás, estou usando shampoo e condicionador anti-queda, bem psicológico, mas atrapalhar, não atrapalha.

Semana que vem vou fazer o primeiro PET pós incio de quimio. Tô nervosa... penso nisso todos os dias. Ele vai definir o tempo de tratamento e as chances do câncer voltar ao longo da vida. Pensem comigo e por mim, esse mantra: "Vai estar limpo! Nenhum sinal dos tumores vai ser detectado!". Vai ser um dia de cão, PET de manhã, consulta pós ciclo com o médico e quinta quimio de tarde.
Por enquanto é só pessoal.
Boa sorte para nós!

domingo, 18 de agosto de 2013

3/16

Terceira aplicação, completa.
Foi bem chata, a enfermeira conseguiu estourar uma veia enorme e ótima no meu braço direito e acabou pegando uma pequena e na parte de dentro do braço, o que me impediu de relaxar, já que posição nenhuma e nem movimento nenhum passava desapercebido pelo cateter dolorido. O ultimo remédio foi uma tortura, duas horas de dor e ardência na pobre veia que está vermelha e dolorida até agora, mais de uma semana depois. Vivendo e aprendendo: veias na parte de dentro do braço, no más.
Os enjoos seguiram pelos quatro dias pós quimio, como sempre, mas nada que tenha precisado de remédio. A prisão de ventre também, como sempre, mas nada que tenha precisado de remédio.
Queda de cabelo agora é perceptível, mas nada de alarmante.
Psicológico abalado. Saudades da minha vida normal não sai da minha cabeça, acho que porque antes até acreditava que estava de férias, mas as férias acabaram e eu não vou voltar pra faculdade e nem pra vida que eu tanto gostava e tanto lutei pra conseguir. Me pego o tempo inteiro duvidando da cura, questionando como me cortar, envenenar e queimar, pode me curar de alguma coisa.
Me deparei com a aflição de perceber que nada depende de mim: um câncer de causa desconhecida, uma enfermeira que não me machuque, se vou sentir dor, se vou sentir cansaço, se vou dormir a noite, se tudo vai acabar no tempo previsto, se eu vou curar, se vou sentir enjoo, se vou ter cabelo até o final do mês...se, se e se.
Até aí, já tinha me conformado com esse fato... a origem de todo o nosso sofrimento é achar que alguma coisa depende da gente, quando isso é uma ilusão unanime da humanidade. Mas é que quando a gente tá cansada e dormir não resolve ou com saudades que não tem como saciar, tudo parece sem fim. Ilustra bem a frase de Lágrimas, do Racionais Mcs: "pensamentos maus vem, pensamentos bons vai, me ajude... sozinho penso merda pá carai".
O que está me salvando no momento são os meus amigos, que me ajudam a esquecer do que está acontecendo e um livro maravilhoso que minha tia muito querida me emprestou: Barba Ensopada de Sangue do Daniel Galera. Uma dica pra quem está com problemas demais pra cabeça de menos: leiam, porque a história dos outros é sempre melhor do que a nossa. Fugir da nossa realidade em um livro é muito mais intenso do que assistindo um filme.
A boa notícia da semana foi que minha menstruação desceu, sinal de que o meu sistema reprodutor está em ordem e eu não entrei na menopausa. Hehehe! Olha só a preocupação surreal...
É isso ai. Sexta que vem espero poder fazer a quarta sessão em paz e agora vou rezar para uma boa enfermeira me atender.
Desculpem o pessimismo, mas nada teve a ver com os efeitos colaterais ou com os remédios, isso anda em paz e melhor do que o esperado.
Beijos e boa sorte para nós!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Como lidar com alguém que recebeu o diagnóstico de câncer?

Não sei. Mas sei como "não lidar"...
Só passando por isso talvez a gente realmente entenda, mas como não desejo pra ninguém, quis postar sobre isso.
Foi uma parte muito difícil contar para amigos e família o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, porque já existe um tabu enorme em volta "dessa doença". Tem gente que nem consegue dizer "câncer" que já sente uma nuvem negra envolvendo o ambiente. Mas aos poucos peguei o jeito, tranquilizando os outros afirmando possibilidades que eu gostaria de acreditar com tanta certeza quanto eu passo ao conta las.
De qualquer forma, temos trabalho o suficiente tentando aceitar o que acontece com a gente, não acho que a reação dos outros tenha que ser mais um problema pra lista.
Então, fuçando por vários blogs de pessoas que compartilham desse acontecimento, encontrei essa postagem bem frequente e sempre mais ou menos com o mesmo texto. No começo achei meio cruel, pensei: nossa, mas as pessoas só dizem isso pra ajudar. Mas depois de um tempo comecei a entender e sentir na pele, que ninguém que está passando por isso, merece ouvir esse tipo de coisa.

"- Câncer é karma.
- Você sabe que na verdade é uma experiência positiva.
- Nós é que deixamos as doenças entrarem...
- A cura está na nossa cabeça, assim como a doença.
- Cair o cabelo é o de menos, cabelo cresce.
- Só pessoas fortes recebem esse tipo de desafio.

Por que ao invés desses conselhos furados, pois são puramente só para quem está por fora do problema, não tentamos assim:
- Vai ser difícil, mas tudo tem fim!
- Vamos fazer alguma coisa divertida para nos distrair?
- A ciência anda tão desenvolvida... um dia sei que vai existir uma cura.
- Cair o cabelo deve ser bem ruim. Mas aqui está um lenço pra você se sentir mais bonita!
- Isso sim é desafio."

Eu já pensei assim, mas hoje sei como é ouvir isso quase toda a semana. São coisas que as pessoas dizem para si próprias, pois não ajudam ninguém em apuros. "Em apuros" digo porque: agora o assunto toma conta da nossa cabeça, 24h por dia, tira sono e põe sono e o medo de voltar um dia e o controle da doença que deverá ser feito pelo resto da vida e a ansiedade de cada resultado e saber que não sou forte, mas sim não tenho escolha... e etc. Ninguém, doente ou não, deve dizer coisas do tipo. Se a pessoa se sente boa e sábia o suficiente para ter certeza do que está dizendo, o que está fazendo falando e não agindo? Exalando essa sabedoria?
Solidariedade não é vomitar verdades prontas, mas se colocar no lugar dos outros para entender como melhorar uma situação que não entendemos.
É isso ai.
Espero que eu tenha passado a mensagem sem ofender ninguém.
Boa sorte para nós!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Primeira consulta pós inicio de quimio

Só boas notícias!
Contei pro médico que não senti quase nada dos temidos efeitos colaterais nesse primeiro ciclo completo e ele me respondeu: Que bom! É uma amostra de como será o tratamento até o final, mostra a tolerância do organismo para com os remédios e provavelmente o tratamento vai seguir assim.
Contei pra ele das espinhas inflamando loucamente no meu rosto e ele disse: São os corticoides. Mas pode consultar com uma dermatologista para ver se tem algo que possa ser feito, sabendo que são efeitos reversíveis ao final das quimioterapias.
Também fiz algumas perguntas que não queriam calar:
- Tenho um irmão mais velho, ele deve fazer algum tipo de controle também?
- Não, como no seu caso não foi hereditário, mas espontâneo, só se ele estiver com algum dos sintomas.

- E radioterapia, vou ter que fazer?
- Saberemos só no final da quimioterapia.

- Em dias frios, posso sair?
- Sem problemas, pode sair.

- Posso fazer algum coisa para aumentar meu nível de neutrófilos?
- Não, se precisar, aplicaremos Granulokine. Mas o próprio tumor atrasa a maturação dessas células. Isso vai melhorar.

- É comum intercorrências do tipo, infecções?
- No caso do seu protocolo, ABVD, não é comum não. Mas fique atenta aos sintomas.

Legal, né?
É só isso, amanha já estou liberada para a terceira aplicação.
Boa sorte para nós!

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Alimentos bem cozidos e higienizados

Essa é uma das "restrições" para quem está fazendo quimioterapia. Deve-se evitar ao máximo qualquer coisa que possa causar infecção, como estar em locais aglomerados e sem ventilação, entrar em contato com pessoas doentes, comer carnes cruas, evitar entrar em contato com animais e evitar comer alimentos crus fora de casa. A questão dos alimentos e dos animais, pra mim, foram as mais cruéis. Aliás, foram as únicas cruéis, já que não gosto de locais aglomerados, tipo baladas, não como carne nenhuma ha um bom tempo e não gosto de entrar em contato com pessoas doentes... mas amo cachorros, gatos, coelhos, vacas, carneiros, caldo de cana, água de coco natural, sushi, saladas, sanduíches de padaria, sucos naturais, etc. Aliás, quando eu era criança e não tinha força para mastigar a cana para tomar o suco, dava para os cavalos de uma fazenda que ia de pequena para mastigarem para ai então, eu chupar o caldo. Hahahaha! Anticorpos são importantes.
De qualquer forma, essa restrição é para tomarmos cuidado e não para de deixarmos de consumir. Em casa, deve-se desinfetar tudo que seja cru, inclusive frutas, ou consumi-las sem casca. Mas a casca também é importante, então tirar um tempo a mais para desinfetar e lavar bem, vale a pena.
Eu ando sentindo muita, muita fome. E eu sempre comi muitos vegetais e continuo comendo, eles ajudam seu corpo que, pobrezinho, está sofrendo muito com os ataques da quimioterapia, que destrói não só as células cancerígenas, como as saudáveis também (isso explica a fome, o sono, a falta de defesa do corpo para com as infecções e a queda de cabelo).
Alimentos como cebola, alho, gengibre e verduras escuras, fortalecem o sistema imunológico (feito também daqueles neutrófilos que são necessários pra próxima quimioterapia acontecer). Assim como ingerir bastante líquido presente também em frutas e legumes, para que o rim não entupa de venenos e de remédios que se ficarem muito tempo no nosso corpo, podem comprometer órgãos que não tem nada a ver com a história e acabam sendo destruídos junto com as células malvadas.
Então deve-se investir em desinfetantes para alimentos, aqueles de gotinhas, que tem nos rótulos as dosagens e o tempo correto para limpeza, para se alimentar bem e evitar que além ficar careca, com a cara cheia de espinhas (ninguém me avisou que seria um efeito colateral... mas imaginei, já que os meus hormônios devem estar muito loucos e meus poros exalando toxinas) e pálida amarelada... gordona também. Hahahaha! Ai é muita sedução pra uma pessoa só.
Vou postar essa clássica "Pirâmide Alimentar" como lembrete. Vamos usar a cabeça para ajudar o resto do corpo, né?


Também perguntei á nutricionista sobre esses benditos neutrófilos que são os que mais sofrem nessa história, sobre o que eu poderia consumir para ajudá-los e ela me disse para reforçar o consumo de Ômega 3, 6 e 9 (Encontrados principalmente na carne de peixe [Cozida, gente!! Nada de carne crua.] e em óleo de linhaça).
É isso ai... se forem comer fora, comam em lugares confiáveis e optem por pratos quentes.
Beijos e boa sorte para nós!

Obs: amanhã é a primeira consulta com o médico depois de ter começado a quimio e depois de amanhã a terceira quimio. O médico vai terminar o estadiamento do Linfoma de Hodkgin, com o resultado da biopsia de medula óssea que saiu ("sem sinais de infiltração neoplásica" = negativo).

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

2/16

Sexta feira passada fiz a segunda aplicação de quimioterapia com protocolo ABVD, o que completa um ciclo de oito que devo fazer. Até agora, nenhum grande efeito colateral... estou bem mais tranquila por isso. Dizem que cada aplicação é diferente, nosso corpo reage diferente e os efeitos são diferentes. Isso é verdade, mas em nenhuma das duas foi muito difícil: um enjoo chato nos primeiros quatro dias pós aplicação, que nem precisaram de remédio, mas que pioravam quando eu pensava na próxima sessão. Então resolvi não pensar mais. Aí melhorou. Meu sono anda estranho, no começo sentia muito sono, tudo me dava sono, até abraçar alguém me fazia querer dormir. Agora ando com uma insonia ruim, eu durmo depois de um bom tempo me concentrando nisso e depois que eu acordo, nem que seja depois de duas horas, pra voltar a dormir é quase impossível. Mas andei pensando, acho que meu psicológico está ajudando muito... no começo eu não queria nem pensar na ideia de pensar, então eu dormia o máximo que eu conseguia . Agora ando pensando demais e a hora de dormir sempre foi a mais rebelde da parte da minha mente que "produz merda". Hahahaha! Bom, a parte estes, a fadiga constante (leia-se cansaço, não sono) foi explicada: no exame de sangue que deve ser feito antes de cada aplicação para avaliar a quantidade de células no sangue, deu que meu nível de neutrófilos (responsáveis pela defesa do organismo e produzidos pela medula óssea) estava um pouquinho abaixo do normal, que é 1.500 e eu estava com 1.468. Por estar abaixo do normal, a enfermaria precisou da aprovação do médico pra fazer a aplicação e foi aprovada... uffa!
Falando nisso, encontrei os nomes e a utilidade dos remédios usados nessa quimio, correspondes a sigla ABVD e vou compartilhar, tanto em termos bem técnicos e específicos, quanto em linguagem simples e direta:

Adriamicina: também chamada Doxorrubicina, serve como Antibiótico Antitumoral e dificulta a obtenção de partes essenciais para a produção de novas células.

Bleomicina: na verdade são vários agentes que agem de várias formas e mecanismos diferentes para diminuir, estabilizar ou acabar com as células tumorais.

Vimblastina: faz com que as células cancerígenas não consigam se multiplicar.

Dacarbazina: faz com que as células em reprodução, morram. Seus agentes foram os primeiros antineoplásicos descobertos!

Todos os remédios, ABVD, atuam com o mesmo objetivo: destruir células em multiplicação descontrolada, mas em formas diferentes de atingi-las.

No meu caso, estão sendo usadas as Adriamicina, Bleomicina, Vinblastina e Dacarbazina.
Créditos a uma das moças que me ajudaram muito com o blog muito bom dela, muito informativo e calmante: Linfoma de Hodgkin Minha História, a qual me inspirou a ir além das informações que nos são dadas no hospital. Recomendo! Vou ver se eu descubro como mexer nessa joça pra adicionar o link dela aqui. Muito emocionante pra mim, ler cada passo do processo de cura dela e chegar no final em menos de uma hora, pois ela terminou a ultima aplicação no primeiro semestre deste ano, curada de um Linfoma de Hodgkin estadio III. Me deu o tipo de esperança que eu, realista esperançosa, permito me agarrar.
Então, esclarecida a função dos remédios, também esclarecida a queda da quantidade de células do corpo (células úteis, como os neutrófilos, também), eu paro por aqui. =]
Só pra constar... estou me sentindo 100% fisicamente, nenhum sinal de queda anormal do cabelo e nenhum sinal de infecção.
Boa sorte para nós!

(Tabela 3: DANTAS, Ana Cristina Amorin; SANTOS, Maria das Graças S.; RAMOS, Viviane Pereira. Protocolos de Enfermagem - Administração de Quimioterapia Antineoplásica no tratamento de Hemopatias Malignas. Hemório, 2010, 1ª Edição.) Link do livro para os interessados: http://www.hemorio.rj.gov.br/Html/pdf/ccih.pdf.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

1/16

Fiz a primeira quimioterapia na sexta-feira passada. A cada duas quimioterapias, se completa um ciclo e teoricamente eu devo fazer 8 ciclos, que dá mais ou menos 8 meses, já que um ciclo tem 28 dias. E para este tipo de neoplasia, são quatro remédios, representados por ABVD. Efeitos colaterais clássicos dessas bombas que parecem que fazem mais mal do que bem pro nosso organismo... enjoo, vomito, queda de cabelo, esterilidade, insuficiência cardíaca e pulmonar, mucosite, manchas na pele, dor e febre. Básico, né gente? Maaas.. considerando que nenhuma bula de remédio foge muito dessas longas listas de probleminhas, sugiro que seja ignorada.
Não tive nenhum grande efeito colateral... um enjoo que vai e vem de leve, nada que precise de remédio, muita sede e um sono gostoso. Sabe quando a gente sente que vai ficar doente, que o corpo pede cama, ai a gente dorme o dia inteiro e acorda novo? Então... é assim quase todo dia.
"E o cabelo?" - me perguntam... bom, o médico me disse que se eu fosse homem, ele diria que o cabelo nem cairia, mas sendo moça, talvez caia e talvez não caia. Cada organismo reage de um jeito... mas cair tudo não é comum, provável que fique mais rarefeito. Ainda nenhum sinal, é bem cedo pra dizer de qualquer forma. Se começar a cair muito, pretendo vender... pelo menos tiro algum lucro do problema.
Pra mim, a pior parte são as agulhas... malditas agulhas. Mas espero que continue sendo a pior parte até o final do tratamento.
A segunda pior parte é frequentar um hospital que só trata desse tipo de problema e sua cabeça não parar de se queixar. Não que tenha que ser fácil pra você, só porque existem problemas maiores. Até porque isso não existe, o tamanho do seu problema, você é quem mede. Mas porque eu sei que tem gente ali que daria os últimos dez anos de vida pra ter o meu diagnostico, ou que não tem condições de se tratar em um bom hospital, ou que não tem uma família e amigos tão maravilhosos quanto os meus pra dar apoio (fisico, emocional e financeiro)... essa é a segunda pior parte, porque te desgasta muito, muito mesmo. Eu não imagino como funciona a cabeça de um médico, tem que gostar muito mesmo do que faz pra conviver em um ambiente pesado desses, sem desabar.
Boa sorte para nós. =]

Como você ficou sabendo?

Minha primeira postagem tem que começar pelo começo, redundante assim. Isso porque é uma das primeiras perguntas que me fazem quando ficam sabendo do meu diagnóstico: Linfoma de Hodgkin Clássico, ou seja, é um tipo de câncer no sistema linfático. Foi confirmado depois de um punção em um gânglio que insistiu em crescer no meu pescoço, por mais ou menos um ano, no mês passado.
A primeira suspeita do médico foi a minha tireoide, já que o histórico da minha família conspirava a favor e eu não tenho nenhum dos sintomas clássicos de linfoma, como febre persistente, sudorese noturna, perda de peso e falta de ar. Então o médico pediu um ultrassom e uma punção (biópsia, onde eles coletam o material do linfonodo com uma agulha e depois analisam em laboratório). Depois que fiquei sabendo do resultado, fui a um oncologista e este me pediu mais duzentos mil exames... diga se de passagem, que foi a parte mais chata desse processo todo: Biopsia total do gânglio (em cirurgia, eles retiram um gânglio afetado pra uma biopsia mais detalhada); Tomografia com contraste (você passa em uma máquina estilo futurista, enquanto uma substância é inserida no seu corpo por meio de um cateter); PET scan ou cintilografia (quase a mesma coisa do exame anterior, mas a maquina e a substancia mudam: ressonância magnética com flúor radioativo, que destaca células em atividade de divisão descontrolada) do corpo inteiro; exames de sangue dos mais variados; biopsia da medula óssea, esse é o mais chato... como a punção, uma agulha recolhe material da sua medula, ou seja atravessando o osso, com anestesia local. A sensação depois desse exame é a de ter caído de costas em uma quina de granito. Hehe! Essa biopsia serve para saber se as células alteradas estão na sua medula também, uma vez que a medula é responsável pelo nascimento das nossas células do tecido sanguíneo (Sim, o sangue também é um tecido!).
Resultado de tudo isso: Linfoma de Hodgkin clássico, grau 3 (seria 4, o máximo, se minha medula estivesse comprometida) de baixo risco (pois sou saudável e nova).
Então, esse texto grande tem um motivo nobre: quando me disseram que eu estava com linfoma, minha primeira reação foi procurar na internet... não faça isso, senão você se enterra antes da hora. Aí eu encontrei alguns blogs de pessoas que contaram como foi passar pela mesma coisa que eu estou passando. E foi ótimo, respondeu várias duvidas e ajudou em várias questões, tipo ansiedade absurda de saber exatamente o que está acontecendo e querer prever o futuro. Por isso estou fazendo o mesmo, bem detalhado, pra ver se eu também ajudo alguém. =]
Resumindo: Linfoma de Hodgkin tem mais de 90% de cura (cura, quando se fala de câncer, significa nunca mais voltar a aparecer no organismo), costuma dar em jovens de 15 a 30 anos de idade, mais em homens e vem crescendo o numero de diagnósticos. Esse, especificamente... pois existem os Linfomas não-Hodgkin. E... considerando 100% os disgnósticos de neoplasia, este é raro, mais ou menos 1% dos casos. Ai minha tia me perguntou:
"E você ganha o que com isso?"
- A cura! =]