terça-feira, 13 de agosto de 2013

Como lidar com alguém que recebeu o diagnóstico de câncer?

Não sei. Mas sei como "não lidar"...
Só passando por isso talvez a gente realmente entenda, mas como não desejo pra ninguém, quis postar sobre isso.
Foi uma parte muito difícil contar para amigos e família o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, porque já existe um tabu enorme em volta "dessa doença". Tem gente que nem consegue dizer "câncer" que já sente uma nuvem negra envolvendo o ambiente. Mas aos poucos peguei o jeito, tranquilizando os outros afirmando possibilidades que eu gostaria de acreditar com tanta certeza quanto eu passo ao conta las.
De qualquer forma, temos trabalho o suficiente tentando aceitar o que acontece com a gente, não acho que a reação dos outros tenha que ser mais um problema pra lista.
Então, fuçando por vários blogs de pessoas que compartilham desse acontecimento, encontrei essa postagem bem frequente e sempre mais ou menos com o mesmo texto. No começo achei meio cruel, pensei: nossa, mas as pessoas só dizem isso pra ajudar. Mas depois de um tempo comecei a entender e sentir na pele, que ninguém que está passando por isso, merece ouvir esse tipo de coisa.

"- Câncer é karma.
- Você sabe que na verdade é uma experiência positiva.
- Nós é que deixamos as doenças entrarem...
- A cura está na nossa cabeça, assim como a doença.
- Cair o cabelo é o de menos, cabelo cresce.
- Só pessoas fortes recebem esse tipo de desafio.

Por que ao invés desses conselhos furados, pois são puramente só para quem está por fora do problema, não tentamos assim:
- Vai ser difícil, mas tudo tem fim!
- Vamos fazer alguma coisa divertida para nos distrair?
- A ciência anda tão desenvolvida... um dia sei que vai existir uma cura.
- Cair o cabelo deve ser bem ruim. Mas aqui está um lenço pra você se sentir mais bonita!
- Isso sim é desafio."

Eu já pensei assim, mas hoje sei como é ouvir isso quase toda a semana. São coisas que as pessoas dizem para si próprias, pois não ajudam ninguém em apuros. "Em apuros" digo porque: agora o assunto toma conta da nossa cabeça, 24h por dia, tira sono e põe sono e o medo de voltar um dia e o controle da doença que deverá ser feito pelo resto da vida e a ansiedade de cada resultado e saber que não sou forte, mas sim não tenho escolha... e etc. Ninguém, doente ou não, deve dizer coisas do tipo. Se a pessoa se sente boa e sábia o suficiente para ter certeza do que está dizendo, o que está fazendo falando e não agindo? Exalando essa sabedoria?
Solidariedade não é vomitar verdades prontas, mas se colocar no lugar dos outros para entender como melhorar uma situação que não entendemos.
É isso ai.
Espero que eu tenha passado a mensagem sem ofender ninguém.
Boa sorte para nós!

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