Efeitos Colaterais

Em ordem alfabética, vou falar dos principais sintomas que tive ao longo de 16 aplicações do protocolo ABVD e como aprendi a driblar ou diminuir os efeitos colaterais.
Fui uma paciente muito tolerante ao tratamento segundo os médicos que me acompanharam nos oito meses exatos em que fiz o protocolo ABVD, tempo mínimo previsto para Linfoma de Hodgkin estadio III. Espero que essas dicas sejam tão boas para você quanto foram para mim!

Alopécia ou queda de cabelo:

"Vou ficar careca?" - É normal ser a primeira coisa que pensamos entre "Será que vou morrer?" e "Não é justo!" quando recebemos o diagnóstico de qualquer tipo de CA. Mas cabelo cresce e existem muitos acessórios super legais para deixar o visual mais divertido e bonito durante todo o estresse mental e físico (que tem fim!). Meu cabelo só começou a cair mesmo depois da oitava aplicação, até então não tinha percebido muita diferença. Continuou caindo igual até a décima, quando aumentou muito a queda e me deu pela segunda vez, medo de ficar careca mesmo. Mas nada disso aconteceu, perdi uns 30% da minha juba, os amigos e familiares mais próximos notaram, já quem não me conhecia não suspeitaria. A queda de cabelo varia muito de organismo para organismo e conforme o conjunto de medicamentos que são usados na quimio.

Como tornei a experiência mais tranquila:
  • Logo que meu oncologista disse que eu poderia ficar careca, pensei em vender meu cabelo e lucrar com o problema. 
  • Comprei maquiagem nova para brincar com o meu rosto, sempre tão escondido pelos cabelos.
  • Aprendi tudo que escrevi na postagem: "Cabelo, cabelo meu... existe alguém mais linda do que eu?" e fiquei mais feliz comigo mesma.
  • Usei shampoos e condicionadores anti-queda. Ajudou, mesmo psicologicamente. 

Constipação:

Tive poucas vezes, mas sempre nos dois primeiros dias após a aplicação.

Como resolvi:
  • Tamarinemamão, glicerina e óleos sempre resolveram sem muito sofrimento.

Espinhas, cravos e feridas na pele:

Dentro do coquetel da quimio, acompanha o Corticoide como potencializador dos remédios para enjoo e anti inflamatórios. Como é um hormônio da adolescência, dá para imaginar os seus efeitos: espinhas, dor nos seios e inchaço no corpo.

Como diminuí muito o problema:

  •  Comecei uma rotina simples e barata, indicada por uma amiga: ao acordar e antes de dormir, esfoliar bem o rosto com sabonete próprio para isso, lavar com sabonete anti-oleosidade e encerrar com um bom adstringente. Isso praticamente resolveu.
  • Passei a usar apenas sabonetes glicerinados, uma vez que os "hidratantes" a base de gordura animal só pioravam minha pele.



Feridas na boca:

Aftas e erupções na boca são bem comuns durante o tratamento, principalmente quando a nossa imunidade resolve variar de força. Saíram pouquíssimas feridas na minha boca, normalmente porque abusei de limão ou de outras frutas ácidas.

Como evitei as feridas:
  • Bochechei uma colher de chá de bicarbonato de sódio em 200 ml de água, três vezes ao dia, sem engolir.


Imunidade baixa:

Tanto por ser um câncer do próprio sistema de defesa do nosso corpo (sistema linfático) e pela quimioterapia atingir exatamente este, a maioria dos protocolos causam uma queda na imunidade, o que pode provocar muitas restrições durante o tratamento.

Como não fiquei doente:
  • Evitei o contato direto com animais, não entrei em piscinas ou no mar, ingeri alimentos crus em lugares confiáveis e bem esterilizados em casa assim como frutas sem casca, evitei aglomerações e não fiz as unhas. Imagino que esses cuidados tenham ajudado muito a não adoecer.
Como ajudei o meu sistema imunológico a se recuperar:
  • Tive a sorte de ter pais e família muito ligados a uma alimentação boa e sempre tive acesso a muitas verduras, frutas, legumes, castanhas, cereais e sucos. Sempre cuidadosamente limpas pela minha mãe, que se preocupa com as quantidades de nutrientes nas refeições.
  • Comecei a pesquisar e usar muitos fitoterápicos que com certeza ajudaram muito. Nomes, como adquirir e propriedades de todos que usei no marcador "Fitoterápicos" do blog.
  • Procurei sempre caminhar quando disposta, procurei um curso de Yoga no Sesc mais próximo e mantive meu organismo funcionando melhor com exercícios moderados e circulação sanguínea em movimento. 


Intestino solto:

Esse problema só surgiu uma vez na penúltima aplicação e seguiu por quase 4 dias seguidos. O tempo estava muito muito quente e só água não estava dando conta de me hidratar. Tomei o remédio indicado para isso na receita do médico chamado Imosec, o que resolveu de vez.

Como resolvi:
  • Muita hidratação a base de água, sucos e Gatorade (não em excesso, pois sobrecarrega os rins).
  • Duas colheres de amido de milho em um copo d'água com algumas gotas de limão.


Manchas na pele:

Um dos efeitos colaterais do protocolo ABDV é o de deixa manchas marrons na pele, principalmente na região do abdome. Essas manchas são sintomas da Bleomicina. Saíram muitas pequenas manchinhas na região do quadril e riscos formando Xs nas virilhas. Por isso abusei do protetor solar!

Como clareei as manchinhas:
  • Consegui sumir com apenas uma que saiu bem no dedão do pé e apagar um pouco as outras usando Óleo de Amêndoas.


Náuseas:

Durante as 5 primeiras quimios, senti só uma mudança forte no organismo: constipação. Mas nada que os remédios clássicos e caseiros não tenham resolvido. Náuseas, a partir da sexta quimio que comecei a sentir o estômago desconfortável, empanturrada e cuspindo muita saliva que vinha em excesso na boca (como cachorro que antes de vomitar, saliva muito). Até ai eu estava usando do Vonau para as náuses e depois passei para o Nausedron, o que aliviou muito o organismo acostumado ao Vonau.. Me lembro que nesse dia em que resolvi trocar de remédio, senti vontade como nunca de vômitar. Então comecei a ter muito enjoo já durante as aplicações e aprendi a tomar um Dramin, um Plasil e um Nausedron para dormir durante toda a sessão, sem passar mal. Bom, quando resolvi me queixar para o médico, ele me adicionou um remédio ao coquetel chamado Emend, que os seguros saúde estavam autorizando de forma intravenosa. Até então o Emend era só vendido em comprimidos em farmácias, por preços em torno de R$750 reais. Este prometia milagres, muita gente me disse sobre os efeitos anti-enjoo que duravam uma semana. Mas, infelizmente, cada organismo funciona de um jeito diferente do outro e o Emend intravenoso não funcionou tão bem para o meu. Não melhorou os enjoos, mas pelo menos manteve o mesmo nível até o final do protocolo.

Como aprendi a melhorar as náuseas:
  • Passei a andar com um frasquinho de gengibre seco com limão na bolsa até enjoar do próprio gosto dele. Além de ótimo antioxidante, o gengibre é muito eficaz contra náuseas, vômitos e enjoos! Tanto na forma desidratada quanto cru ou em chá. 
  • Sorvetes de sabores cítricos e de chocolate "esfria" o estômago que parecer ferver!
  • Sempre que me sentia muito mal, tomava Dramin e Plasil junto com o Nausedron. São extremamente relaxantes e dão muito sono. Depois de descansar bem, as náuseas parecem diminuir por um período cada vez mais longo logo após acordar.
  • Todos nós conhecemos a fama dos efeitos medicinais da Cannabis sativa ou maconha, como é vulgarmente conhecida. Ouvi de muitos amigos médicos que essa erva é muito indicada no tratamento á falta de apetite, enjoo, salivamento em excesso, dificuldade em ingerir líquidos e mais muitos outros benefícios. Todos sintomas muito comuns no tratamento com quimioterapia. Bom, depois de pensar muito, resolvi experimentar quando tive a oportunidade: com muito muito pouco, sumiram por completo o enjoo e o salivamento, senti muita fome e sede, me senti anestesiada e relaxada. Falo da Cannabis sativa como planta com poderes medicinais aprovados por mim, não em apologia a "droga": se eu tivesse tido contato antes com alguém que aprovou por experiencia própria no tratamento, talvez eu tivesse poupado muito mais desconforto neste tratamento quimioterápico invasivo. 

Unhas fracas e quebradiças:

Tive esse problema bem no final das 16 aplicações, quando as duas unhas dos dedões das mãos começaram a descolar, ficar roxas e doloridas. Elas não chegaram a cair, mas ficaram bem feias.

Como melhorou:

  • Comecei a mantê-las curtas, cortando com mais frequência e evitando lixar, já que estavam descamando.



*Não se auto medique antes de consultar o seu médico, dependendo do medicamento e do protocolo, a união dos dois pode ser ruim para você e para o tratamento!










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