sábado, 27 de maio de 2017

Remissão, sobrevida ou só vida?

Oi, pessoal! Como vão todos?
Faz tanto tempo que não escrevo aqui, que nem sei por onde começar.
Estou em remissão há 3 anos e 3 meses, que parecem mais uns 10 anos e 10 meses. Nunca tinha parado pra pensar em como seria a minha "sobrevida", como dizem os médicos. Pouca gente fala sobre ela, provavelmente por que ficamos tão cansados dessa história que evitamos até falar das vitórias pra não ter que lembrar da guerra.
A remissão não é só voltar a viver normalmente, sair sem máscara, comer a vontade e curtir a vida, é reaprender a viver. É condicionar a nossa mente, educar os nossos pensamentos pra não cair na ansiedade e na incerteza que sabemos que vai ficar pra sempre no dia a dia. A cada coceira sem explicação que sentimos, a cada tufo de cabelo a mais que cai no banho, a cada suada a mais durante a noite... e a cada sessão de apalpação cotidiana pelo corpo em busca de caroços, volta toda a sensação de insegurança e mal estar de 3 anos e 3 meses atrás.
Se deixarmos, quantas horas não vamos ficar na internet procurando casos de recidiva, quanto frio no estômago não vamos sentir quando lermos um depoimento em que o linfoma voltou depois de 3 anos e 3 meses? Pois é, a "sobrevida" parece não ser nada fácil. Mas e as promessas que fazemos durante o tratamento? Toda aquela esperança em ficar bem, em não sentir mais enjôos, em não ter mais que fazer exames de sangue semanais e tomar sei lá quantos comprimidos por dia? Parece que vai toda embora por que nos vemos sozinhos, sem tratamento pra despertar aquela certeza de que somos capazes de conseguir a cura.
Eu penso em tudo isso quase todos os dias, eu penso em apertar o meu pescoço até encontrar algum caroço, penso em pesquisar na internet as chances de cura depois de uma recidiva, mas dai eu penso que eu sei pensar em outras coisas também. Lembro que é tudo fase, que daqui a pouco eu tenho uma prova, ou tenho um aniversário pra ir, ou quero desenhar alguma coisa nova e fazer o melhor possível exatamente pra não lembrar de apalpar o meu pescoço. Pra mim essa foi a resposta, reeducar a minha mente. Não permitir que eu faça auto exames, ou que eu fique ansiosa antes das consultas, por que eu admito que eu cansei.
É tão bom se permitir a estar cansada, eu não quero mais pensar nessa história como superação ou milagre ou seja lá o que foi, não foi nada disso pra mim, foi uma doença que passou. Eu não fico pensando que vou ficar gripada quando tomo chuva gelada, então eu não me permito pensar que vai voltar, mas eu sei que pode... e isso não vai ser um problema, por que senão a minha própria vida vira um problema.
É claro que ainda não consigo ser resiliente assim todos os dias, mas estou aprendendo, aliás, me ensinando. Todo mundo sabe ser assim, basta encontrar o melhor jeito pra si e ser persistente com a própria mente. É uma batalha pra todos os dias, mas depois da última, acho que eu encaro tranquilamente. Basta saber dizer basta, se permitir sofrer quando achar que não dá mais, pedir ajuda e lembrar como sair da cama.
Permita-se sofrer tanto quanto você se permite ter paz, ache o seu próprio equilíbrio. Esse é o meu mantra atual.
Parece clichê, mas viver o momento parece cada vez mais importante a cada dia que passa.





3 comentários:

  1. Sempre forte Laurinha, você está curada, bjs da Titia que torce por você sempre

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    1. Obrigada pela força sempre. Mas quem é Pita? Até hoje não sei quem você é. Hahaha! Mas agradeço muito.
      Um beijão!

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  2. Oi laura! Bom saber q está bem!estou sempre olhando suas postagens e dicas, pq estou passando pelo mesmo!estou acabando as quimios e fiquei com algumas manchas no corpo, pelo q vi vc tbm teve! Conseguiu remove-las?

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